sábado, 27 de junho de 2015

Rolhas de cortiça e vedantes alternativos para vinhos

 

Material de origem

A rolha tradicional é confeccionada com casca de uma arvore conhecida como sobreiro (Quercus Suber L.), constitui-se de tecido vegetal impermeável e flexível ao mesmo tempo, sua estrutura permite comprimir-se até a metade do seu volume sem perder a elasticidade.  As árvores podem crescer até 20 metros de altura em ambiente natural, embora não costumem ficar tão alta na prática, e vivem entre 150 a 250 anos, Portugal detém mais de 50% da produção mundial de sobreiro.
Devido ao crescente aumento da produção vinícola e problemas causados por contaminação da rolha de cortiça a indústria norte-americana então criou rolhas sintéticas para dar conta de sua produção, e para tentar acabar com a contaminação, garantindo a qualidade do vinho.
A verdade é que a rolha de cortiça poderá se tornar uma ostentação destinada a poucas garrafas de vinhos, o seu preço é razoavelmente elevado e sua crescente demanda destinará indústria vinícolas optarem por opções mais acessíveis.
A cortiça é uma matéria prima da rolha, formada por uma colmeia de células microscópicas de suberina, preenchida com um gás semelhante ao ar. É fácil de comprimir, isolante a umidade e som, não absorve poeira, é impermeável a líquido e a gases. Além de sua versatilidade é inteiramente natural, biodegradável e reciclável.

Etapas de produção
Para obtenção de cortiça, o sobreiro passa por descortiçamento, processo que retira apenas a casca (felogênio) e não causa qualquer tipo de dano à planta, essa então é cortada em forma de pranchas, utilizando-se como ferramenta um machado. Os sobreiros são marcados a tinta branca com um número que indica o ano do descortiçamento. Durante os próximos nove anos continuarão a florescer e a regenerar-se até estarem prontos para repetir o processo.
De cada sobreiro, extrai-se em média 40 a 60 kg de cortiça. As pranchas mais finas destinam-se à produção de discos para rolhas técnicas, ou ainda, uso diverso. Só as de melhor qualidade, as mais grossas e suaves, depois de repousarem de seis meses a um ano em estaleiros na fábrica e de serem submetidas a tratamentos de última geração, darão origem as rolhas de qualidade destinada aos melhores vinhos.
As pranchas são empilhas de forma a maximizar o escoamento da água e a circulação do ar. A cortiça acabada de chegar destaca-se no cenário do estaleiro. Tem uma cor mais viva, ao lado do tom acinzentado da que está em estágio há mais tempo.
O passo seguinte é cozinhá-la em água aquecida a 95 °C, a fim de amolecê-las e reduzir sua flora microbiana. Uma vez passadas por esse processo de fervura, as placas ficam mais planas, facilitando o manuseio, havendo extração de substâncias hidrossolúveis e tendo 20% de aumento do seu volume. Em seguida, elas são niveladas e cortadas na medida certa para começar o trabalho de brocagem, processo manual ou semiautomático que consiste em perfurar as tiras de cortiça com uma broca.  Obtém-se assim, uma rolha cilíndrica em conformidade com os limites dimensionais desejados. A análise da dimensão, da porosidade e da umidade é feita por leitura óptica. Por fim, um processo manual retira peças defeituosas.  
Depois procede-se à lavagem das rolhas que pode ser feita utilizando água oxigenada ou ácido  paracético, quando o teor de umidade estiver estável, as rolhas são embaladas, seladas e estão prontas para o comércio. Em alguns casos, as rolhas poderão ser colmatadas. A colmatagem consiste em obturar os poros na superfície das rolhas (lenticelas) com uma mistura de pó de cortiça resultante da padronização das dimensões das rolhas naturais. Para a fixação do pó nos poros é utilizada uma cola à base de resina natural e de borracha natural. Este processo melhora o aspecto visual e a performance da rolha.
Tipos de rolhas e vedantes encontrados em vinhos  
Rolha de cortiça
As rolhas fabricadas com cortiças podem ser de três tipos: a rolha maciça, confeccionada a partir de cortiça maciça, possui boa qualidade; a rolha de aglomerado de cortiça é obtida a partir de sobras da fabricação da cortiça maciça, moída e unida com cola, sua durabilidade e elasticidade assim como seu custo são inferiores (quando constituídas por um corpo de cortiça aglomerada com discos de cortiça natural colados no seu topo são chamadas de rolhas técnicas), em alguns casos a cola destas rolhas pode passar aromas negativos ao vinho, o que faz que alguns fabricantes ponham disco de cortiça maciça na parte que fica em contato com o líquido; e a rolha de champagne, feita em dimensões maiores, adquire formato de cogumelo quando na garrafa. 
  Fotos: Jonas Melo

Rolha sintética
As rolhas sintéticas, feitas de plásticos, surgiram por volta dos anos 1990 causando polêmica entre os consumidores tradicionalistas e os modernistas.
Este tipo de vedante oferece vantagens e desvantagens em relação às rolhas de cortiça. Como vantagens, observa-se menor custo, permitem que o vinho seja guardado em pé, pode ser colorida, e o principal, não transmitem o Tricloroanisol (TCA).
Já do ponto de vista negativo está primeiramente o aspecto técnico: possui pouca elasticidade comparada a cortiça e não veda totalmente a garrafa, permitindo uma entrada maior de oxigênio provocando a oxidação dos vinhos em caso de longa guarda, e torna difícil vedar a garrafa após aberta, pois ela retoma ao diâmetro original.
  Fonte:http://gourmmelier.com

Tampa de rosca
É a famosa “screwcap”, trata-se de uma tampa metálica de rosca coberta internamente por um plástico inerte. A vantagem deste lacre é o baixo custo, fácil manuseio, não há a necessidade do uso de saca rolhas, a garrafa pode ficar de pé, é reciclável, livre de TCA, ideal para vinhos e brancos e jovens.
O seu uso vem sendo crescente nos últimos anos, na Nova Zelândia esta proporção já ultrapassa os 70% na Austrália atinge cerca de 30% de sua produção. A nível global, cerca de 15% de todas as garrafas de vinho comercializadas trazem uma tampa de rosca.
 
Fonte:http://www.artwine.com.br

Tampa de vidro
É um vedante, feito de vidro e forrado com material sintético é usado por alguns produtores alemães e austríacos. Possuem elegância, veda bem a garrafa, é reciclável e possuem custo elevado.
  
Fonte:https://emvinhos.wordpress.com

Zork
Tipo de vedação desenvolvido por um australiano de nome Zork. Composto por um tira de plástico que enrola o gargalho da garrafa, basta destaca-lo e o vinho está liberado para vedação. Seu interior é semelhante a tampa de vidro.
Fonte:http://sonoma.com.br/


Pro-cork
A Pro-cork consiste em uma rolha de cortiça natural, com todas as suas ótimas qualidades, mas sem o problema do TCA. Na Pro-cork a parte da rolha que fica em contato com o vinho é revestida com 5 camadas de material protetor que e isola o vinho da cortiça, protegendo o líquido e de uma possível contaminação por TCA.
 
Fonte:http://portuguese.alibaba.com

Defeitos encontrados em vinhos causados por rolhas
Bouchonée ou doença da rolha

É um defeito causado pela presença de fungos formando 2,4,6-tricloroanisol(TCA), que dá aroma de mofo ao vinho, derivado das rolhas naturais defeituosas, onde fungos e impurezas da cortiça reagiam quimicamente com bactericidas na sua fabricação.
 
 

Curiosidades
A cortiça só pode ser retirada de árvores com idade entre 25 e 30 anos, e após essa primeira extração, apenas a cada 9 anos será possível sua retirada novamente, sua exploração durará mais de 130 anos.
O principal país produtor da cortiça é Portugal, pois a árvore que a origina é muito comum no sul do país, principalmente na região de Alentejo.
Até o século XIX, quando não havia equipamentos para introduzi-las no gargalho da garrafa as rolhas de cortiça natural eram no formato cônico.
O maior produtor de cortiça no mundo é Portugal (Alentejo), seguido da Espanha e Marrocos;
A coleta da cortiça é o trabalho agrícola mais bem pago do mundo;
Cada sobreiro demora 25 anos até poder ser descortiçado pela primeira vez, mas só a partir do terceiro descortiçamento a cortiça tem a qualidade exigida para a produção de rolhas. As duas primeiras extrações resultam em matéria-prima para isolamento, pavimentos e outros fins. Isto significa que, para produzir cortiça de qualidade para rolhas, cada sobreiro necessita de mais de 40 anos. 



Referências
ANJOS, M. Como é feita a rolha?. Revista Super Interessante. Abril de 2004. Disponível em: >http://super.abril.com.br/comportamento/como-e-feita-a-rolha<.
VINITUDE: Clube dos vinhos. O segredo das rolhas dos vinhos. Fevereiro de 2014. disponível em:>https://www.clubedosvinhos.com.br/o-segredo-das-rolhas-dos-vinhos/<.
 MACHADO, E. A origem do sobreiro. Vinhos e algo mais. Abril de 2013. Disponível em:>http://vinhosealgomais.blogspot.com.br/2013/04/a-origem-da-rolha sobreiro.html<.
Cortiça Natural - Matéria Prima e Processo Produtivo. Disponível em:>http://www.amorimcork.com/natural-cork/raw-material-and-production-process<. Acesso em: 09 de junho de 2015.
 


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