Material de origem
A rolha tradicional é
confeccionada com casca de uma arvore conhecida como sobreiro (Quercus Suber L.), constitui-se de
tecido vegetal impermeável e flexível ao mesmo tempo, sua estrutura permite
comprimir-se até a metade do seu volume sem perder a elasticidade. As árvores podem crescer até 20 metros de
altura em ambiente natural, embora não costumem ficar tão alta na prática, e
vivem entre 150 a 250 anos, Portugal detém mais de 50% da produção mundial de
sobreiro.
Devido ao crescente
aumento da produção vinícola e problemas causados por contaminação da rolha de
cortiça a indústria norte-americana então criou rolhas sintéticas para dar
conta de sua produção, e para tentar acabar com a contaminação, garantindo a
qualidade do vinho.
A verdade é que a rolha
de cortiça poderá se tornar uma ostentação destinada a poucas garrafas de
vinhos, o seu preço é razoavelmente elevado e sua crescente demanda destinará
indústria vinícolas optarem por opções mais acessíveis.
A cortiça é uma matéria
prima da rolha, formada por uma colmeia de células microscópicas de suberina,
preenchida com um gás semelhante ao ar. É fácil de comprimir, isolante a
umidade e som, não absorve poeira, é impermeável a líquido e a gases. Além de
sua versatilidade é inteiramente natural, biodegradável e reciclável.
Etapas
de produção
Para obtenção de cortiça, o sobreiro passa por
descortiçamento, processo que retira apenas a casca (felogênio) e não causa
qualquer tipo de dano à planta, essa então é cortada em forma de pranchas, utilizando-se
como ferramenta um machado. Os sobreiros são marcados a tinta branca com um
número que indica o ano do descortiçamento. Durante os próximos nove anos
continuarão a florescer e a regenerar-se até estarem prontos para repetir o processo.
De cada sobreiro, extrai-se
em média 40 a 60 kg de cortiça. As pranchas mais finas destinam-se à produção
de discos para rolhas técnicas, ou ainda, uso diverso. Só as de melhor
qualidade, as mais grossas e suaves, depois de repousarem de seis meses a um ano
em estaleiros na fábrica e de serem submetidas a tratamentos de última geração,
darão origem as rolhas de qualidade destinada aos melhores vinhos.
As
pranchas são empilhas de forma a maximizar o escoamento da água e a circulação
do ar. A cortiça acabada de chegar destaca-se no cenário do estaleiro. Tem uma
cor mais viva, ao lado do tom acinzentado da que está em estágio há mais tempo.
O passo seguinte é cozinhá-la em água aquecida a 95
°C, a fim de amolecê-las e reduzir sua flora microbiana. Uma vez passadas por
esse processo de fervura, as placas ficam mais planas, facilitando o manuseio,
havendo extração de substâncias hidrossolúveis e tendo 20% de aumento do seu volume.
Em seguida, elas são niveladas e cortadas na medida certa para começar o
trabalho de brocagem, processo manual ou semiautomático que consiste em
perfurar as tiras de cortiça com uma broca.
Obtém-se assim, uma rolha cilíndrica em conformidade com os limites
dimensionais desejados. A análise da dimensão, da porosidade e da umidade é
feita por leitura óptica. Por fim, um processo manual retira peças defeituosas.
Depois procede-se à
lavagem das rolhas que pode ser feita utilizando água oxigenada ou ácido paracético, quando o teor de umidade estiver
estável, as rolhas são embaladas, seladas e estão prontas para o comércio. Em
alguns casos, as rolhas poderão ser colmatadas. A colmatagem consiste em
obturar os poros na superfície das rolhas (lenticelas) com uma mistura de pó de
cortiça resultante da padronização das dimensões das rolhas naturais. Para a
fixação do pó nos poros é utilizada uma cola à base de resina natural e de borracha
natural. Este processo melhora o aspecto visual e a performance da rolha.
Tipos
de rolhas e vedantes encontrados em vinhos
Rolha de cortiça
As rolhas fabricadas
com cortiças podem ser de três tipos: a rolha maciça, confeccionada a partir de
cortiça maciça, possui boa qualidade; a rolha de aglomerado de cortiça é obtida
a partir de sobras da fabricação da cortiça maciça, moída e unida com cola, sua
durabilidade e elasticidade assim como seu custo são inferiores (quando constituídas
por um corpo de cortiça aglomerada com discos de cortiça natural colados no seu
topo são chamadas de rolhas técnicas), em alguns casos a cola destas rolhas
pode passar aromas negativos ao vinho, o que faz que alguns fabricantes ponham
disco de cortiça maciça na parte que fica em contato com o líquido; e a rolha
de champagne, feita em dimensões maiores, adquire formato de cogumelo quando na
garrafa.
Fotos: Jonas Melo
Rolha sintética
As rolhas sintéticas,
feitas de plásticos, surgiram por volta dos anos 1990 causando polêmica entre
os consumidores tradicionalistas e os modernistas.
Este tipo de vedante
oferece vantagens e desvantagens em relação às rolhas de cortiça. Como
vantagens, observa-se menor custo, permitem que o vinho seja guardado em pé,
pode ser colorida, e o principal, não transmitem o Tricloroanisol (TCA).
Já do ponto de vista
negativo está primeiramente o aspecto técnico: possui pouca elasticidade
comparada a cortiça e não veda totalmente a garrafa, permitindo uma entrada
maior de oxigênio provocando a oxidação dos vinhos em caso de longa guarda, e
torna difícil vedar
a garrafa após aberta, pois ela retoma ao diâmetro original.
Fonte:http://gourmmelier.com
Tampa de rosca
É a famosa “screwcap”,
trata-se de uma tampa metálica de rosca coberta internamente por um plástico
inerte. A vantagem deste lacre é o baixo custo, fácil manuseio, não há a
necessidade do uso de saca rolhas, a garrafa pode ficar de pé, é reciclável,
livre de TCA, ideal para vinhos e brancos e jovens.
O seu uso vem sendo crescente nos últimos anos,
na Nova Zelândia esta proporção já ultrapassa os 70% na Austrália atinge cerca
de 30% de sua produção. A nível global, cerca de 15% de todas as garrafas de
vinho comercializadas trazem uma tampa de rosca.
Fonte:http://www.artwine.com.br
Tampa de vidro
É um vedante, feito de
vidro e forrado com material sintético é usado por alguns produtores alemães e
austríacos. Possuem elegância, veda bem a garrafa, é reciclável e possuem custo
elevado.
Fonte:https://emvinhos.wordpress.com
Zork
Tipo de vedação
desenvolvido por um australiano de nome Zork. Composto por um tira de plástico
que enrola o gargalho da garrafa, basta destaca-lo e o vinho está liberado para
vedação. Seu interior é semelhante a tampa de vidro.
Fonte:http://sonoma.com.br/
Pro-cork
A Pro-cork consiste em
uma rolha de cortiça natural, com todas as suas ótimas qualidades, mas sem o
problema do TCA. Na Pro-cork a parte da rolha que fica em contato com o vinho é
revestida com 5 camadas de material protetor que e isola o vinho da cortiça,
protegendo o líquido e de uma possível contaminação por TCA.
Fonte:http://portuguese.alibaba.com
Defeitos encontrados
em vinhos causados por rolhas
Bouchonée ou doença da rolha
É um defeito causado
pela presença de fungos formando 2,4,6-tricloroanisol(TCA), que dá aroma de
mofo ao vinho, derivado das rolhas naturais defeituosas, onde fungos e
impurezas da cortiça reagiam quimicamente com bactericidas na sua fabricação.
Curiosidades
A cortiça só pode ser
retirada de árvores com idade entre 25 e 30 anos, e após essa primeira
extração, apenas a cada 9 anos será possível sua retirada novamente, sua
exploração durará mais de 130 anos.
O principal país
produtor da cortiça é Portugal, pois a árvore que a origina é muito comum no
sul do país, principalmente na região de Alentejo.
Até o século XIX,
quando não havia equipamentos para introduzi-las no gargalho da garrafa as
rolhas de cortiça natural eram no formato cônico.
O maior produtor de
cortiça no mundo é Portugal (Alentejo), seguido da Espanha e Marrocos;
A coleta da cortiça é o
trabalho agrícola mais bem pago do mundo;
Cada sobreiro demora 25
anos até poder ser descortiçado pela primeira vez, mas só a partir do terceiro
descortiçamento a cortiça tem a qualidade exigida para a produção de rolhas. As
duas primeiras extrações resultam em matéria-prima para isolamento, pavimentos
e outros fins. Isto significa que, para produzir cortiça de qualidade para
rolhas, cada sobreiro necessita de mais de 40 anos.
Referências
ANJOS, M. Como
é feita a rolha?. Revista Super Interessante. Abril de 2004. Disponível em:
>http://super.abril.com.br/comportamento/como-e-feita-a-rolha<.
VINITUDE: Clube dos vinhos. O segredo das rolhas dos vinhos. Fevereiro de 2014. disponível em:>https://www.clubedosvinhos.com.br/o-segredo-das-rolhas-dos-vinhos/<.
MACHADO, E. A origem do sobreiro. Vinhos e algo
mais. Abril de 2013. Disponível em:>http://vinhosealgomais.blogspot.com.br/2013/04/a-origem-da-rolha
sobreiro.html<.
Cortiça Natural - Matéria Prima e Processo Produtivo. Disponível em:>http://www.amorimcork.com/natural-cork/raw-material-and-production-process<. Acesso em: 09 de junho de 2015.
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