sábado, 23 de maio de 2015

Enoturismo no Vale do São Francisco

Vinícola Santa Maria (Rio Sol)

O Vale do São Francisco vem destacando-se pelo cultivo de uva e vinhos de qualidade, despertando interesse de inúmeros visitantes apaixonados por vinhos e que querem conhecer melhor a região, que diferente do sul do país, consegue produzir uvas durante todo o ano através do controle do ciclo fenológico da videira, tudo isto é permitido graças ao clima e a irrigação. A vinícola Santa Maria, localizada no município de Lagoa Grande-PE, é uma ótima opção para quem quer conhecer de perto o processo de elaboração de vinhos.
Alguns setores apresentados durante o passeio são:
Recepção

A Vinícola Rio Sol recebe seus visitantes com a impressionante paisagem que reuni a videira ao lado esquerdo de quem chega, com uma trilha de mandacaru e coroa de frade, plantas típicas da caatinga. Do lado direito, pode-se observar uma trilha de coqueiro, é como dizia Pero Vaz de Caminha “aqui, nesta terra, em se plantando tudo dá”.
Começou suas atividades comerciais baseadas na elaboração de álcool, vinagre e vinhos comuns, sendo assim até o ano de 2002. A partir de então, um grupo português passou a gerir suas atividades, implantando novas variedades de uvas e continuamente pesquisando o máximo de variedades possíveis de outras regiões. São mais de 150 hectares em produção. Atualmente a empresa está voltada para elaboração de vinhos finos de qualidade e atividades enoturísticas.
Eldo, um dos responsáveis pela recepção do Enoturismo da vinícola fala da possibilidade de controlar o ciclo fenológico da vinha, tendo ainda, o escalonamento por lote, que permite a colheita a cada 15 dias, dando um repouso de 45 a 60 dias para a planta se recuperar do ciclo produtivo, ou seja, uva o ano todo.
Cantina
            Na cantina, local cercado por videiras que somente vegetam, não produzindo frutos, deixa o ambiente naturalmente mais fresco e protegido da ação direta da luz solar. Estão dispostos os tanques de fermentação de volume diversos e controle automático de temperatura.
            Valdemir Guimarães, que também trabalha no enoturismo, faz uma breve explanação do processo de elaboração de vinho e espumante, e amadurecimento dos vinhos. A fermentação alcoólica ocorre por volta de 7 dias sob temperatura de 23 a 27°C, em seguida, o mosto é prensado em prensa pneumática dando origem a  dois tipos de vinhos, o vinho prensa, obtido através da ação mecânica da prensa, e o vinho gota,  àquele que escorre naturalmente sem ação mecânica. Ambos não são misturados, suas fermentações continuaram em tanques diferentes. A parte sólida, cascas e sementes, são utilizadas como adubo orgânico para própria videira.
            Geralmente os vinhos tintos passam por uma segunda fermentação, a malolática, que objetiva a conversão por bactérias láticas do ácido málico em ácido lático, tornando os vinhos menos ácidos e mais redondos. Após esta fermentação os vinhos serão estabilizados, tendo umas três trasfegas durante este período, filtrados, analisados química e sensorialmente antes de se tomar a decisão se passará por barrica ou  se será um vinho para ser consumido jovem. Valdemir enfatiza que o segredo da qualidade do vinho está no controle de temperatura, nos cuidados com a higiene de equipamentos e processos e, nos atestos. Sendo que temperatura varia de acordo com o vinho branco, rosé, ou tinto e a fase de vinificação, sendo que no final desta, suas temperaturas devem ser reduzidas, impedindo a contaminação e facilitando a precipitação de compostos instáveis presentes no vinho.
            É importante lembrar que o controle de maturação da uva no campo permite um maior controle dos parâmetros químicos desejados ao vinho, sendo as uvas tintas colhidas um pouco mais tardias que as brancas, já que necessitam de uma maturação adequada dos compostos fenólicos da semente e da película e os vinhos brancos são desejáveis uma maior acidez e frescor, então são ideais que sejam colhidas antes que ocorra a diluição dos ácidos orgânicos que também são utilizados para síntese de açucares, o que levaria a vinhos altamente alcoólicos e de baixa acidez.
Sala de barricas
            Possuem barricas de carvalho francês e americano, que somente passam os vinhos reservas como o top de linha Paralelo 8 Premium e também Vinhas Maria. O tempo de vida das suas barricas varia de 3 a 4 anos.
            A linha Rio Sol simboliza a região, rio representa o Rio São Francisco; sol representa sol o ano inteiro. A letra “o” das duas palavras formam um 8, que representa a localização da vinícola, latitude 8° Sul.
Espumantes
            Os espumantes são obtidos pelo uma segunda fermentação a partir do vinho base, pelo método Charmat, esta segunda fermentação ocorre em tanques especiais chamados autoclaves em temperatura em torno dos 17°C. Deve-se sempre observar a pressão durante o processo, aliviando-o quando chegar a 6 atm. Outro método de elaboração de espumante utilizado pala empresa é o Asti, que é caracterizado por uma única fermentação, no final tem-se um produto doce e baixo teor alcoólico, são os famosos moscatéis.
            A estabilização dos espumantes ocorre -4°C, seu envase também acontece em temperatura negativa.
Degustação/Vendas
            Depois de conhecer as etapas para obtenção dos vinhos e espumantes da vinícola, o visitante pode conhecer alguns dos seus rótulos e levar para casa, caso esteja disposto a pagar pelos preços que se encontram razoavelmente aceitáveis. Tudo isto em uma sala aconchegante com uma mesa grande do no lado de fora, que convida a quem chega estreitar laços com um brinde coletivo.

2 comentários:

  1. Em breve estarei fazendo uma visita a região do Vale do São Francisco, gostei das etapas da visitação, acho que vou conhecer esta vinícola com minha esposa.

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